Recentemente, uma questão de extrema relevância para os trabalhadores brasileiros tomou forma no Supremo Tribunal Federal (STF). A discussão gira em torno da revisão do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), crucial para milhões de empregados com carteira assinada.
O partido Solidariedade (SD) apresentou um recurso ao STF, buscando revisão retroativa da correção do FGTS decidida em junho. Este pedido nasce do desejo de corrigir injustiças passadas, que afetam diretamente o saldo desses trabalhadores.
Em junho, numa decisão marcada por controvérsias, o STF determinou que o FGTS deve ter correção mínima garantida pela inflação, calculada através do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
O Solidariedade argumenta que, se reconhecidas perdas passadas, elas deveriam ser corrigidas retroativamente para aqueles que ingressaram com ações judiciais. Essa decisão de não aplicar a correção de forma retroativa levanta dúvidas sobre como a Justiça vê o papel da correção no passado.

Entendendo a revisão do FGTS
No julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5.090, realizada em junho, os ministros do STF aceitaram a proposta do governo de manter a correção do FGTS em 3% ao ano, mais a TR (Taxa Referencial).
O Conselho Curador do FGTS deve assegurar a inflação oficial do país, caso a atualização não atinja o IPCA. Essa decisão, porém, não satisfez todos os envolvidos, especialmente aqueles que esperam justiça por perdas acumuladas.
O deputado Paulinho da Força, presidente do Solidariedade, vê essa decisão como insuficiente. Seu questionamento é claro: se há reconhecimento de perdas, por que não corrigi-las desde o início?
Essa posição se alinha à prática jurídica que muitas vezes reconhece o impacto retroativo das declarações de inconstitucionalidade, gerando debates acirrados dentro e fora dos tribunais.
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Impacto econômico e decisões controversas
Embora o governo tenha alcançado um acordo que envolveu várias partes, incluindo a AGU (Advocacia-Geral da União) e centrais sindicais, as implicações econômicas são vastas.
Segundo Mário Avelino, diretor-presidente do Instituto Fundo de Garantia do Trabalhador, o embargo não deve ser aceito, visto a natureza essencialmente política da decisão inicial. Apesar disso, a discussão sobre a cobrança de sucumbência para trabalhadores que perderam ações judiciais está em pauta.
Existem atualmente cerca de 1,5 milhão de ações individuais, que poderiam resultar em R$ 12 bilhões em honorários para a Caixa Econômica Federal.
Este ponto destaca a magnitude do assunto, mostrando o quanto a questão é relevante não apenas para os trabalhadores, mas também para o sistema jurídico e financeiro do Brasil. A magnitude desses valores justifica o amplo debate e a busca por soluções justas.
Histórico e contexto do FGTS
A origem da disputa remonta a 2014, quando o Solidariedade questionou a validade da TR como índice corretor do FGTS, após estudos indicarem perdas de até 90% desde a sua aplicação.
A solicitação visava substituir a TR por índices inflacionários mais precisos, como o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) ou o IPCA-E (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – Especial). Esses índices refletem melhor a realidade econômica e oferecem proteção contra a corrosão inflacionária.
A TR, embora controversa, permanece em vigor devido ao seu uso em contratos de crédito imobiliário, sendo essencial para muitos contratantes. Revogá-la poderia impactar o setor habitacional, dificultando a aquisição de casa própria, especialmente para cidadãos de menor renda.
Neste ano, a Caixa Econômica transferiu R$ 15,2 bilhões em lucros do FGTS para 130,8 milhões de trabalhadores, mostrando a importância do fundo na economia. Esse movimento demonstra como o FGTS é vital, não apenas como um benefício imediato, mas como um motor econômico de longo prazo.